Crítica | The Walking Dead: World Beyond S01E08 — Psycho-Silas?

Demorou para a segunda derivada encontrar o seu tom, oscilando sempre entre a jovialidade — essa que ganhou presença gritante — e a maturidade do mundo apocalíptico que estamos tão acostumados.

Porém, bastou Michael Cudlitz assumir as rédeas, com duas direções seguidas, que o show parece ter encontrado o equilíbrio que procurava.

Acompanhamos um quase whodunit à primeira vista simples, mas que Elizabeth Padden tenta mascarar com a ajuda da direção de Loren Yaconneli na inserção de flashbacks entrecortados para nos levar a crer que fora Silas o responsável pelo homicídio.

E talvez seja. As chances são 50/50.

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Afinal, a revelação de que Huck na verdade é uma espiã contando poucas e boas à tenente Elizabeth Kublek nos faz rebobinar a fita para lembramos que a soldado nunca fora com a cara do Tigrão da Sucrilhos e por ser a única a apresentar possíveis provas do porquê de seu ataque de fúria — revelando o poema do Tigre e do Cordeiro que ele havia guardado — leva a crer que tudo não passou de uma armação para tirá-lo da jogada.

Claro, levando em conta, também, a amnésia à la Norman Bates que domina Silas após seus ataques de raiva, explícitos no presente e passado, e que diminuem sua certeza do que fez.

Tudo é feito para moldar esse mistério que nas entrelinhas, parece ainda não ter sido solucionado. Mas para Silas, revisitando seu passado, é motivo o suficiente para se afastar e ter um novo começo.

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Nesse interim, há espaço para a resolução do conflito Elton x Hope — até então só de Hope —, que na premissa do episódio, teve todo o sentido de dar as caras. E a confissão vem para derrubar uma parte do otimismo desse ingênuo Elton.

O excesso de bagagem que ele carrega em sua ida espelha, por sua vez, o quão difícil será ficar ainda apegado à essa fantasia, que mesmo mostrando-se necessária como uma alavanca para manter-se neste mundo, concomitantemente, pode e vai fragilizá-lo.

Ele terá que aceitar a verdade no processo de sua odisseia com Silas e, provavelmente, voltará aos braços do time.

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Só me doeu ver Nicolas Cantu com lágrimas de crocodilo que imediatamente remetou-me ao Rodrigo Faro tentando fazer cena ao vivo. Além do fato dele simplesmente ir embora. A situação de Silas é compreensível, mas agora a de Elton?

Não era o Felix que batia a cabeça para manter salva essa molecada e agora deixa o nerd karateka a deus dará? Assim fica difícil relevar, Negrete.

Hal Cumpston teve o espaço adequado para entregar a postura de grandão emotivo, antes pouco explorada em The Tyger and the Lamb, dizendo muito apenas com expressões em um perfeito misto de raiva e angústia.

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Junto a isso, há um ótimo trabalho da trilha sonora de Newton Brothers que casa perfeitamente com os momentos, seja com uma bateria e uma guitarra afinada no talo ou uma trilha melancólica acompanhando uma câmera rotativa que põe Silas literalmente de cabeça para baixo.

A respeito de Iris, a personagem continua só existindo. Quando não faz burradas, fica de escanteio matutando se o gigante é culpado ou não.

O mesmo com Félix, que nunca teve autoridade nesse grupo e está mais como aquele cara neutro do “o que vocês quiserem, eu aceito”, enquanto vai de um lado para o outro procurando algo para fazer.

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De resto, a premissa do episódio se desenvolve muito bem e para quem quer, mantém alguns mistérios no ar. Huck armou para o Silas? Teria Percy morrido mesmo? (já sabemos que quando trata-se de TWD, sem corpo, sem morte). E mais, Hope seria imune ao vírus?

Pode soar meio do nada tal questão, mas a curiosidade de Elizabeth em saber se o “ativo” está seguro me fez linkar imediatamente com Hope, uma vez que ela e Huck são unha e carne. Então a tal pessoa que a tenente perguntara o paradeiro depois de massacrar todos em Omaha se travava dela?

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Se estivermos diante de uma trama pique The Last of Us com um pouquinho de militarismo, acredito que a história possa começar a ficar realmente interessante.

The Sky Is a Graveyard é a primeira aposta um pouco mais sombria da série, saindo-se muito bem com um resultado satisfatório que desenvolve seu personagem foco e perfeito para o surgimento de dúvidas, com direito a reviravolta de brinde.

Restam apenas dois episódios, que serão exibidos em sequência, para encerrarmos a temporada. Mesmo temeroso, aposto minhas fichas nesses últimos para o spin-off redimir-se do melodrama enrolativo que tivemos de suportar.

Nota: 3,5/5


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Douglas Gomes
Douglas Gomes
Jogador profissional de banco imobiliário e apresentador de stand up no chuveiro. Nas horas vagas, tocador de guitarra de ar. Um crítico longe de medíocre.

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