The Walking Dead e as nuances dos episódios da 6ª Temporada

Acabou. Depois de uma primeira metade de temporada que foi ambígua, brilhante e decepcionante, The Walking Dead encerra seu sexto ano com o maior cliffhanger de sua história.

A segunda metade da temporada sofreu do mesmo mal que a primeira; episódios iniciais interessantes, tanto em ritmo como em tom, mas que depois se perderam de forma abismal. “No Way Out” (S06E09), “The Next World” (S06E10), “Knots Untie” (S06E11), e “Not Tomorrow Yet” (S06E12) são capítulos que demonstram um construto de narrativa consistente, tanto que é fácil identificar os arcos existentes através dos episódios.

A tensão e cenas icônicas resultantes da queda de Alexandria dão lugar para o assentamento, a calmaria e ao descobrimento de um mundo maior. Após isso, temos o micro senso de reconstrução da sociedade e a ofensiva, impensada, de Rick frente aos Salvadores. A partir daí Scott Gimple, showrunner da série, junto com seus demais colegas que roteirizam The Walking Dead, acabam se perdendo e produzindo episódios sem substância, que usam de subterfúgios de baixo nível para manter a atenção do espectador semana após semana e que no fim não levam a lugar algum.

Em “The Same Boat” (S06E13) o episódio termina da maneira que começa, com o adendo da resolução do conflito com os Salvadores. Justificar todo um capítulo para desenvolver de forma rasa as questões psicológicas de Carol é muito pouco.

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“Twice As Far” (S06E14) foi uma jogada segura e conformista do roteiro. Usar um episódio inteiro para desenvolver um personagem só para matá-lo é algo sem sentido, que serviu apenas para impactar, além da adaptação da morte do Abraham, que na série veio a ser a Denise, não ter causado choque algum. Abraham foi um personagem descaracterizado desde o começo, por que não encerrar seu arco de forma digna ao menos?

“East” (S06E15) foi o episódio menos relevante da temporada, apresentado atitudes estupidas de personagens icônicos como Carol e Daryl, em meio a um emaranhado de diálogos visivelmente esticados e cenas dispensáveis que serviram apenas para preencher o capítulo. Para piorar, na última cena, a fim de causar impacto, novamente, utilizam de um artificio barato para pasmem, apenas chocar. O Daryl morreu? É claro que não! – Tal cena foi uma cortina de fumaça que serviu para gerar debate e tirar o foco da inexistência de conteúdo do todo.

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E por fim temos “Last Day On Earth” (S06E16), que foi seguramente a melhor season finale da série e mostrou-se válida para desconstruir o arco que foi formado ao longo da temporada para Rick. Negan foi apresentado e deixou uma ótima impressão, mas apesar de suas linhas de diálogos terem sido muito bem construídas, ficamos com uma sensação amarga pelo desnecessário cliffhanger no fim.

Negan aparece na edição 100 dos quadrinhos e choca o leitor porque mata um personagem muito querido de forma brutal. Esse é o cartão de visitas dele na HQ. Na série a cena foi bem filmada, foi interessante pelos gritos ao fundo que remetem a um bom filme de terror, mas no fim foi a mesma subversão de expectativas da Mid Season Finale aconteceu.

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Negan efetivamente apareceu, teve presença, um discurso similar ao dos quadrinhos, mas ele chocou alguém da forma brutal e gráfica que lhe é característica? Não. E isso é muito frustrante por um lado, pois não é que os produtores estão fazendo as adaptações de uma forma diferente, trazendo algo novo para a série, etc, mas na verdade estão fragmentando coisas que deveriam ser mostradas, evidenciando que o que importa não é contar a história, mas sim manter a audiência.

A 6ª Temporada de The Walking Dead teve 9 episódios bons e 7 descartáveis, proporcionando assim um construto mediano, que em seus ápices foram muito bons, mas muito bons mesmo, mas que em seus momentos de declínio foram muito ruins.

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The Walking Dead, sendo baseado nos quadrinhos possui muito material que pode ser adaptado, então entendo que não precisamos de um episódio inteiro para abordar questões que já são latentes ou que serão esquecidas logo ali. Para finalizar, a inconsistência do roteiro fez com que a temporada que prometia ser a melhor da série se tornasse apenas boa, muito abaixo do que poderia ser.

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Fernando Floriano
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