The Walking Dead 6ª Temporada: Análise do 4º episódio, “Here’s Not Here”

O episódio intitulado como “Here’s Not Here”, focado inteiramente no personagem Morgan, era necessário, pois após o retorno do ator Lennie James na 5ª temporada de The Walking Dead, várias questões ficaram ocultas ao espectador. Morgan inicialmente era um homem normal em “Days Gone Bye”, em “Clear” beirava a insanidade completa e em sua reaparição, a partir de “No Sanctuary”, temos um pacifista que valoriza toda e qualquer vida.

O contexto inicial, que serve para revelar o passado de Morgan, o coloca em cena falando com alguém, que posteriormente descobrimos ser o integrante do grupo dos Lobos que atacou Morgan no episódio “JSS” e também em “Conquer”, interpretado pelo ator Benedict Samuels.

No começo, acompanhamos Morgan em uma dura jornada. Após perder sua esposa Jenny e seu filho Duane, ele se encontrava em um local sombrio dentro de sua própria mente. Sua sanidade e insanidade caminhavam em uma linha tão tênue que seu único objetivo era matar (Limpar) praticamente qualquer criatura que cruzasse seu caminho.
E o termo “Limpar”, “Clear”, faz referência ao episódio de mesmo nome na 3ª temporada. Outro paralelo que pode ser feito é a “filosofia” que Morgan tinha adotado, muito semelhante à dos Lobos, que matavam com a justificativa de que estavam “libertando” as pessoas, enquanto Morgan matava, zumbis e humanos, mesmo que não representassem grande ameaça, com a única justificativa de “limpar” o perímetro.

Em sua peregrinação, Morgan acaba se deparando com Eastman, o famoso “queijeiro” citado anteriormente, interpretado por John Carroll Lynch, que atuou em Zodíaco, de David Fincher, entre outras produções. Eastman prende Morgan em uma cela em sua casa e, através de um processo lento de recuperação psicológica, consegue ajudá-lo. Mas o fato de manter alguém preso não justifica uma melhora mental, o que justifica é a ocupação de Eastman antes do apocalipse, ele era psiquiatra forense com mais de 800 pacientes em seu currículo.

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Ou seja, sua capacidade de identificar pacientes perigosos, recuperáveis e irrecuperáveis, era imensa e, por essa razão, ele decidiu apostar na reabilitação de Morgan. Um dos métodos que ajudaram na recuperação de Morgan seria a arte marcial japonesa Aikido, que entre suas várias definições pode ser chamada em uma tradução não literal de, pasmem, a arte da paz.

Livro este que é dado a Morgan por Eastman e que vimos em outros momentos durante a série. Uma questão interessante é que um dos gatilhos que iniciam a recuperação de Morgan é a cabra Tabitha, companheira de Eastman, que em determinado momento estava prestes a ser atacada, mas Morgan voltando a si e saindo pela primeira vez no episódio do local sombrio em que se encontrava, a salva.

Tabitha teve grande destaque no episódio, sendo o instrumento simbólico do conceito “Toda vida é preciosa”, assim como o Aikido, que foi aprendido por Eastman por influência de sua filha, que sutilmente sugeriu que o pai aprendesse tal arte marcial. Depois de recuperado, Morgan e Eastman se tornam amigos e o “queijeiro”, que não sabia fazer queijo, ensinou todas as técnicas de luta e filosofia que Morgan carrega e que não sabíamos da onde vinham.

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Por ser um episódio estendido, houve tempo para um excepcional desenvolvimento dos personagens. A visão pacifista de Morgan, que beirava o exagero, foi contemplada com uma justificativa sólida, dramática, poética e plausível. Eastman teve apenas um episódio para demonstrar seu potencial como personagem, e o roteiro acertou em toda sua contextualização, passado e dramas pessoas, que se assemelhavam muito com as experiência traumáticas de Morgan. No fim do episódio, após presenciar um diálogo sádico do Lobo, outro, algo chama a atenção de Morgan nos portões de Alexandria.

O roteiro também acertou em cheio nos diálogos, que foram muito bem construídos e pertinentes. A relação entre os dois cresce quando a sanidade de Morgan retorna, através do belo ritmo do episódio. Abordando um panorama geral, “Here’s Not Here” foi uma grata surpresa, pois além de necessário para a contextualização de Morgan, nos apresentou um ótimo personagem, Estman, uma substância no que tange o passado de ambos, e muita emoção.

Depois de três episódios explosivos, uma capítulo mais calmo valoriza toda a ação anterior, e a torna justificável, porque do ponto de vista do roteiro se houver ação em todos os episódios, ela se tornará ordinária e não extraordinária, e a surpresa de tais atos se tornam triviais.

Gostaria que a maioria dos episódios lentos de The Walking Dead fossem assim, pois seguramente a linguagem estética de “Here’s Not Here” o coloca entre os melhores episódios da série até aqui.

E apenas para não deixar a discussão esfriar, o nome de Steven Yeun, o Glenn, não apareceu nos créditos de abertura do episódio.

Lembrando que existem pontos do episódio que não foram contempladas neste artigo, mas você pode fomentar a discussão deixando suas percepções pessoas nos comentários.


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Fernando Floriano
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