The Walking Dead 6ª Temporada: Análise do 9º episódio, “No Way Out”

Após a primeira metade da 6ª Temporada de The Walking Dead, que foi do brilhantismo ao descartável, tivemos um suportável hiato que acabou no último domingo com a tão esperada resolução dos conflitos envolvendo a queda da comunidade de Alexandria.

“No Way Out”, dirigido por Greg Nicotero, representou, provavelmente, o episódio com o maior número de adaptações dos quadrinhos para a televisão até agora. O roteiro ficou a cargo de Seth Hoffman, que já trabalhou em alguns episódios dessa temporada, e escreveu uma narrativa decente. Nada de espetacular, mas não comprometeu. De forma geral, Nicotero e Hoffman produziram um bom episódio, com algumas poucas ressalvas.

O começo do episódio nos brindou com uma boa resolução de cena, pois o fato de Daryl, Abraham e Sasha terem parado seu veículo, inocentemente, diante dos Salvadores no último episódio foi patético. Apesar de estar sendo um personagem apagado até agora, Daryl dá mais uma aula de como ser “badass” e atira contra os inimigos com a Bazuca, ou RPG, como queiram, que Abraham encontrou anteriormente. É uma cena incrível e inesperada, mas acima de tudo significativa, pois o capanga do Negan ia matar Abraham e Sasha sem nenhuma dúvida.

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Outro ponto interessante foi a redenção do Padre Gabriel. Depois de incitar a exclusão de Rick e seu grupo e plantar a semente da discórdia em Deanna, Gabriel percebeu seus erros e estava, de alguma forma, tentando consertá-los, mas sem sucesso. A maior parte do grupo, especialmente Rick, estava suportando-o, mas não o integrando como parte da “família”. Além de fidelidade, mostrou coragem e com certeza teve sua imagem restaurada perante seus amigos, daquele momento em diante, e também perante o público.

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Falando em redenção, o Lobo mais famoso, interpretado por Benedict Samuel, teve um pequeno resquício de humanidade no momento em que salvou a Dra. Denise. Sim, ele precisava de cuidados médicos, mas não a ponto de arriscar sua vida para salvá-la. Tanto que ele mesmo diz que não sabia a razão de tal ato. Será que em outra circunstância ou com mais tempo ele seria recuperável? Talvez não. Provavelmente não, mas essa dúvida, mesmo que mínima que o roteiro introduziu na cabeça do espectador, foi válida.

Outro ponto importante de “No Way Out” foi uma maior consistência, finalmente, do roteiro em relação aos diálogos dos personagens. Tanto as interações entre Rosita e Tara, Morgan e Carol, assim como Glenn e Enid, foram significativas e se justificaram. Diferente do emaranhado de diálogos vazios dos últimos quatro episódios. Como Glenn foi citado, vale destacar mais uma sobrevida dado ao ator Steven Yeun, que depois de escapar após zumbis caírem sobre ele na season final da 5ª Temporada, e da milagrosa manobra escapista que o colocou embaixo da lixeira na primeira parte da 6ª Temporada, sai ileso de uma situação certa de morte. Tanta subversão de expectativas sobre a morte dele me dá a sensação que um fato icônico dos quadrinhos vai ter sua adaptação de forma fiel.

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Os fatos mais importantes, inegavelmente, foram a morte da família Anderson e Carl sendo alvejado no olho. A morte de Sam, da maneira como foi feita foi interessante, pois o garoto mantinha-se calmo e apenas quando ouviu em sua cabeça a voz de Carol, falando que os monstros o comeriam vivo, perdeu o controle, falou, chamou a atenção dos zumbis e assim foi atacado. A reação da Jessie foi estranha por si só, além de ter sido mal adaptado. Nos quadrinhos o tom de dramaticidade é muito maior, ela clama por sua vida pedindo ajuda enquanto Rick corta seu braço e a abandona, enquanto na série esse peso foi tirado completamente. Entendo que o roteiro tenha tentado criar um “estado de choque” para a personagem naquele momento para justificar a reação sem ação, mas simplesmente não funcionou. Outra coisa que foi forçada foram os “flashbacks” de Rick. Ele gostava e se importava com ela, óbvio, mas o envolvimento dos dois foi um mero rascunho em relação aos quadrinhos. Lá, eles chegam a morar juntos, por isso quando a cena acontece se torna tão pesada.

Depois disso temos Ron, tomado pela raiva, culpando Rick e Carl por todas as desgraças em sua vida, empunhando a arma contra eles. Então Michonne defere um golpe fatal contra Ron, talvez por entender que fosse a única solução, apesar de não ser. Atingido, o garoto dispara a arma antes de cair no chão, e assim a icônica cena dos quadrinhos, finalmente, foi adaptada. Não fielmente, pois na HQ quem dispara acidentalmente contra Carl é Douglas (Na série Deanna), mas tudo foi muito bem feito que essa mudança não fez diferença. Na verdade, ficou até melhor. Diga-se de passagem, a maquiagem criada por Nicotero para representar o tiro em Carl ficou brilhante. Muito, mas muito melhor do que esperávamos.

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Depois disso tivemos Rick, totalmente abalado, mas não se importando com sua própria vida, saindo porta afora e começando a matar todos os zumbis em seu caminho. Ele puxa a fila, pois todos, inclusive personagens que não possuem características de guerreiro, saem de suas casas munidos com armas brancas e começam a ajudar Rick a limpar Alexandria. Tal cena também existe nos quadrinhos e tem como função mostrar que todos viram que era possível triunfar. Rick, com sua coragem, inflamou Alexandria e os conduziu ao improvável feito de acabar com tantos zumbis, mesmo com a ajuda de Daryl e Glenn na cena anterior. Não gostei, achei forçado do ponto de vista do “realismo” da série, pois The Walking Dead ainda é uma série de pessoas comuns em uma situação incomum, então a cena ficou inverossímil. Mas simbolicamente falando ficou perfeita.

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No fim, quando Rick percebe que Alexandria, agora sua comunidade, se dispôs a lutar isso lhe dá esperança, tal sentimento corroborado quando Carl dá sinal que ficará bem. Como citei anteriormente, foi um bom episódio, na média dos quatro primeiros, apenas com algumas ressalvas. Talvez o erro mais grosseiro foi a passagem de tempo muito brusca, pois em um momento era dia e após o intervalo já era noite, e aparentemente eles não ficaram horas andando na comunidade.

Para finalizar, não fiquei tão chocado e impressionado com “No Way Out” por uma simples razão: eu, como leitor dos quadrinhos, sabia o que aconteceria. Quem experimentou os acontecimentos do episódio pela primeira vez, de forma inédita, deve ter gostado muito, muito mais que nós, que apenas assistimos para ver as adaptações que seriam feitas.

Lembrando que existem pontos do episódio que não foram contempladas neste artigo, mas você pode fomentar a discussão deixando suas percepções pessoas nos comentários.


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Fernando Floriano
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